Um romance perturbador sobre os limites éticos da arte
Edgar Meirelles é um fotógrafo publicitário bem-sucedido, porém enfastiado com sua situação. Quando não está fotografando carros, eletrodomésticos e modelos em roupas íntimas para grandes lojas de varejo, ele realiza suas pequenas mostras de fotografia artística. Porém, isso não é suficiente.
Amos Susskind é um fotógrafo de arte, cuja obra se caracteriza pelo macabro, pelo insólito e pelo chocante. Animais mortos, partes de corpos humanos, cadáveres, fetos em jarros são alguns dos temas de suas fotografias.
No ano de 1991, Edgar Meirelles, à época um jovem estudante, trabalhou para Amos Susskind, em São Paulo, ajudando-o na criação de uma obra inédita. A experiência de trabalhar com Amos Susskind marcou Edgar definitivamente, desenhando o seu futuro.
Buscando reviver a ambição artística de sua juventude, ele decide fazer um documentário sobre o fotógrafo americano Amos Susskind, que ele havia conhecido e com quem havia trabalhado vinte e seis anos antes.
Edgar encontra Amos doente em sua casa nos Estados Unidos. Na entrevista, Amos revela a Edgar um grande segredo: a sua obra-prima perdida havia sido realizada no Brasil, no ano de 1992. O registro fotográfico de um assassinato.
Esse é o ponto de partida do romance de estreia do autor Philipi Schneider, Em nome da imagem, um livro tenso, estranho e perturbador, que percorre um período de vinte e seis anos, passando por três países, apresentando uma galeria de personagens insólitos e cenas marcantes.
"Dois dias depois, um soldado foi atingido por uma explosão, talvez um morteiro, não tenho certeza. Era um rapaz louro, bonito, pele rosada, um típico jovem do interior americano. Ele teve a perna destroçada e acabou perdendo muito sangue. Seus companheiros foram até ele e estavam prestando os primeiros socorros. A fumaça das explosões criava um grande difusor natural, amaciando a dureza daquele miserável sol vietnamita. Seu rosto estava pálido, branco, de uma alvura tão perfeita, quase de uma musa de um poeta romântico. Seus olhos estavam semicerrados, em uma expressão perdida; a figura lembrava muito a famosa foto do Nietzsche adoentado, mas sem aquele olhar profundo e delirante. Se Nietzsche, moribundo, tivesse feito as pazes com Deus, aquela seria sua expressão. O quadro inteiro era lindo. Aquele jovem, com a vida se esvaindo de seu corpo gota a gota, foi a melhor fotografia que eu já perdi. Foi o que inspirou meu caminho na arte."
— Fala do personagem Amos Susskind, Em nome da imagem.
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